quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Retalhos atuais

Ontem achei um caderno precioso. Pedaços de mim em tinta e papel. Fragmentos de outrora. Retalhos indispensáveis à colcha que hoje ainda costuro. Impressionante perceber como minha caminhada sempre foi permeada por um amor incomensurável. Uma vontade, quase que insuportável, de ser feliz. Um desejo ardente de gritar ao mundo o que não cabia dentro de mim. As palavras escritas sempre foram meu desabafo. Era como se um vulcão entrasse em erupção e, como que por encanto, lá estava eu, de novo, em tinta e papel. Ainda hoje é assim. Me eternizo através da escrita. Carimbo minha existência em retalhos de emoção. E continuo minha caminhada. E agora digo: preciso me mostrar inteira e plena, pois o meu coração é TODO paixão, amor, poema.

Do baú

E de repente me vejo assim: nua. Sem lenço, nem documento. Coração viajando sem rumo. E continua-se a caminhada. Um sorriso aqui, uma quase felicidade ali. Tudo que se mescla e por momentos me faz quase feliz.  E se projeta uma fuga: a vida é linda e eu vivo muito. Em cada segundo faço mil coisas e penso preencher meu tempo. Mas, certas vezes, como nesse momento, me vem aquela cobrança. Mas aonde colocar tanta lembrança? Onde esconder tanta saudade?  E como me mostrar inteira e plena, se no meu coração jaz tanta paixão, amor, poema...

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Sem rima

Por vezes as palavras me engasgam. Temem por sair e virar um tsunami. Melhor calar. Melhor sabê-las silenciosamente do que pesar. Melhor absorvê-las do que gritar. Esse deve ser um sábio momento. Aquele em que teu silêncio vale mais do que teu verso.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Reflexos de si mesmo

Querendo ou não, todos nós somos terreno desconhecido. Quem nunca se surpreendeu com seus próprios atos? Surpreender-se com os atos alheios é fácil. O difícil é o encontro com nosso espelho. Aquele que te devolve a imagem de quem realmente és. Aquele que não mente. Aquele que te aponta com dedos dóceis ou árduos suas qualidades e imperfeições. Feliz de quem faz uso consciente do seu espelho. Feliz de quem aceita a imagem que ele reflete. Porque o encontro com si mesmo, tantas vezes tão dolorido, é primeiro passo da superação. É preciso coragem para pousar os olhos sobre ele com a iniciativa da mudança. É preciso perseverança para encará-lo sem os véus da mácula. Alcançamos novos rumos quando aceitamos toda a vastidão do nosso ser. 
Sabedoria é saber encarar-se!

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Intensidade

Muitas vezes fui chamada de exagerada. Mas consegui compreender que o exagero para mim era sinônimo de intensidade. Ser intensa afronta. Perturba. Ser intensa, às vezes, fere. Mas, ser intensa eleva minha sensibilidade. Dilata meus poros. Aguça meu paladar. A intensidade nos faz experimentar o dia-a-dia com lentes de aumento, novas tintas, sabores que ultrapassam as medianas aspirações. A intensidade alcança o profundo. E o voo explica o abismo. Por isso doses diárias de intensidade promovem mágicas exclamações. Tá servido?

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Olhar

Um olhar diz tanto.
Confessa palavras. Desnuda segredos.
Provoca. Fotografa. Lê.
Um olhar, apenas um olhar e toda aquela ânsia de chegar...

Cantiga de amor

Um dia de apresentação. Olhos atentos, surpresas vindouras. Magia no ar. E tem início aquele que foi um espetáculo de arte, de beleza, de textos indizíveis. Um espetáculo que representou com tantos sentimentos, os olhos e os corações de seis amigos. Vinte e um anos se passaram. Os amigos seguiram seus rumos. Suas estradas que, agora, novamente se cruzam. Incrível vida que sempre nos dá uma segunda chance. E um novo encontro acontece validando a máxima de que a afinidade não conhece limites, nem barreiras, nem o tempo. Ela é um laço que se fortifica também mediante os obstáculos. Ela floresce a cada respingo de saudade. E transborda a cada movimento de união. Seis amigos que estiveram sempre unidos. Sempre. Por laços invisíveis, por sonhos comuns. Agora é hora de fazer esse espetáculo de novo. É hora da chuva florescer a terra que ficou tão árida de ausências. E encantar platéias novamente com tanta poesia.
"Do que partiu é saudade. O que ficou é lamento. Tudo sob sol forte, que nem alivia o vento. Espero que volte João. E fico com toda a dor. Dor que é mais forte no peito. Maior inté que o calor. Já que não vejo e sinto. Feito cantiga de amor."*

*Texto extraído da peça "O Sertanejo", de autoria de Helder Martins, 1990.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Ciclos

Essa vida feita de ciclos está sempre a nos fazer dar voltas. Às vezes completas. Por vezes inacabadas. Sábia vida que nos põe sempre em teste. Lá atrás muitas lições podem ter passado desapercebidas. Muitas experiências podem ter sido parcialmente vividas. E lá vem a vida, tempos depois, mostrando tudo de novo. Aquilo que você não quis enxergar. Aquilo que você, por medo, preguiça ou imaturidade, não quis apreender... Caminhos retos não levam a lugar algum. É preciso andar em círculos, seguir, recuar, dar voltas, pegar atalhos. Desorientar-se.
Para ser o que se é hoje, muitos caminhos tortos foram percorridos. Muitos endereços não foram encontrados. E as placas de aviso, ah... as placas de aviso, estavam ali só para serem desrespeitadas. Com o afã de quem quer encontrar o caminho com tentativas próprias e não seguindo receitas prontas, muitas vezes mais fáceis, mas nunca com os fantásticos ingredientes inusitados do acaso.

domingo, 26 de junho de 2011

Essa surpresa...

Como é incrível ser surpreendido. Pássaros do acaso pousando sobre nossos ombros. Borboletas multicoloridas escolhendo nossas janelas. Pessoas encontrando o que temos de mais precioso. A surpresa é o inesperado à galope, a emoção daquele toque, um olhar que nunca morre. É eterna por segundos. Porque quando nos surpreendemos ficamos extasiados, mudos, telepáticos. E apenas a nós cabe a grandiosidade daquele instante. A surpresa nos encontra tímidos, virgens daquela emoção. E quanta atribulação provoca. Uma mistura singular de sentimentos. Difícil explicar. Melhor sentir. Estou sempre faminta da tua aura, surpresa! Venham, venham surpresas... venham servir minha mesa.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Eclipse

Mais uma do meu filho de 5 anos.
Ontem vendo o eclipse, quando sobrou um risquinho da lua no céu, ele disse:

- Mamãe, a lua está sorrindo com batom amarelo!

Lindo demais esse menino!

terça-feira, 14 de junho de 2011

Apaixonado

Meu filho de 5 anos vendo um comercial na TV do dia dos namorados,
em que um casal se beijava, disse:
- Mamãe eles estão apaixonados!!!
Eu:
- É, meu filho, o que é apaixonado?
- Ah, mamãe é quando fica agarradinho assim e não consegue desgrudar...

MUITO FOFO!!!

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Beleza

Magia
Céu
A lua inquietante
A música viva
O sopro da liberdade
A liberdade concedida
A vontade permitida
O desejo incontido
A paz apreendida
A minha felicidade
A simplicidade do verso
E o encontro com a beleza
Beleza de sonhos
Beleza de mundos
Beleza interpretada
Beleza absorvida.

E ponto

Por mais que eu queira
Por mais que eu não queira
De tudo
Por tudo
A tanto
Portanto
Sei do seu encanto.
E ponto.

Saudade

O descanso espiritual nada mais é
do que o encontro com a nossa verdade
sã vontade
tudo o que um dia pôde
e soube trazer a felicidade
tudo o que me inspirou
esse momento de saudade.

Toque

O sopro de vida esperado
vem galopando
me persegue
e, por vezes, me toma por inteiro
e me despe
É o inesperado à galope
É a emoção daquele toque.

Valor à vida

Engraçada a vida
quando menos se espera
se dá mais valor a ela
É que quando conhecemos o fundo
se quer ir de volta à beira
Se quer o ar puro de novo
Se quer tudo o que está em jogo
Hoje foi assim
Conheci o poço
Odiei o fosso
Depois voltei à superfície
E, ainda bem,
o meu sonho teve mais artifício
ainda bem
que minha força foi maior
e tudo não virou pó
ainda bem
que eu quis voltar à tona
com essa maratona
E é assim que se aprende
como amar a vida
e os bons momentos
E é assim que se aprende
que a vida não são só lamentos.

Asas da liberdade

Se a liberdade tem cor
Hoje conheci seu arco-íris
Voei além dos meus limites
Experimentei com apetite
Mais uma conquista
E têm tantas outras à vista
É bom vencer
E hoje subi mais um degrau
Me senti vitoriosa
A delícia de ser honrosa
Valeu para mim
Valeu por mim
Lancei mais uma semente
Agora quero colher o fruto
e alegrar minha mente.

Breve interlúdio

Vida virada
Vida encantada
Vida amada
Vida viajada
Vida felizarda
Vida
para sempre
saudada!

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Fernanda Abreu - SALVE JORGE

Música nossa de todo dia

Quantas músicas embalam nosso dia? Nossa vida? Nossos sentimentos? Música é tudo. É aquela inspiração que te impulsiona pra frente. É aquele momento que te prende ao passado. É aquele instante que te faz sentir vivo e bem presente, no presente. Quem traz a música dentro de si, faz arranjos inéditos todos os dias. Compõe trilhas sonoras perfeitas e escreve letras que tocam a alma dos amantes musicais e dos poetas de plantão. Música é! Sensibilidade e emoção. "Barulho que pensa". Silêncio povoado de ritmo. Sangue nas veias. Filosofia. Declaração de amor. Pausas. Contratempos. Intensidade. Prece. Arte. Saudade encubada. Vida arejada. Ritmo que sempre esconde um segredo. E que às vezes te pega numa esquina e te paralisa. Te inebria.  E te provoca sorrisos. Por vezes lágrimas. Mas sempre emoções. Sempre aquilo que precisa com urgência ser dito. E como sabiamente disse Victor Hugo, "a música expressa o que não pode ser dito em palavras mas não pode permanecer em silêncio."
Silêncio.
Porque sua música vai começar a tocar.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Alegria

A alegria é um estado de espírito. Às vezes encontra-se latente, por vezes exarcebada. Mas tá sempre ali, pronta pra ser vivida ou oferecida em boas doses para quem queremos. O importante é não perder o foco ou perdê-la de vista. Não. Não a deixe escapar. Se preciso for, use óculos, lentes de aumento, holofotes. Mas viva a alegria! Sem culpa, com prazer. Com audácia. Com paixão. Deixe a compaixão de si próprio de lado e vista-se com a alegoria da alegria. O resultado disso seu próprio corpo agradece. Sua alma engrandece. Seus amigos enaltecem, seus amores enobrecem, seus feitos permanecem, suas tristezas adormecem e novas energias se estabelecem.
Alegria amanhece.
Alegria entardece.
Alegria anoitece.
Na verdade, estremece...esse furacão chamado A L E G R I A !

quarta-feira, 30 de março de 2011

Paula Fernandes - Meu Eu Em Você (Ao Vivo)

Para arrepiar

"Eu sou o brilho dos teus olhos ao me olhar
Sou o teu sorriso ao ganhar um beijo meu
Eu sou teu corpo inteiro a se arrepiar
Quando em meus braços você se acolheu
Eu sou o teu segredo mais oculto
Teu desejo mais profundo, Teu querer
Tua fome de prazer, sem disfarçar
Sou a fonte de alegria, Sou o teu sonhar
Eu sou a tua sombra, Eu sou teu guia
Sou teu luar em plena luz do dia
Sou tua pele, proteção, Sou teu calor
Eu sou teu cheiro a perfumar o nosso amor
Eu sou tua saudade reprimida
Sou teu sangrar ao ver minha partida
Sou teu peito a apelar gritar de dor
Ao se ver ainda mais distante do meu amor
Sou teu ego, Tua alma
Sou teu céu, O teu inferno, A tua calma
Eu Sou teu tudo, Sou teu nada
Sou apenas a tua amada
Eu sou teu mundo, Sou teu poder
Sou tua vida, Sou meu eu em você"

Paula Fernandes
Composição: Paula Fernandes

sábado, 26 de março de 2011

Da minha janela

Hoje acordei com um sol incrível na minha janela. E isso me encheu de alegria. Ele posa pra mim e diante de mim ilumina tudo. Ilumina rostos, paisagens e faz sombras curiosas. Ele vem, generoso, doando energia, espantando tensões. E avança, impetuoso. Numa escala inimaginável. Mas às vezes confunde tudo, quando percebo uma lua no meu dia, um sol na minha noite.
...

quinta-feira, 10 de março de 2011

Ser criança é...

Meus filhos ao saírem de casa e perceberem que já estava de noite disseram:

_ (O mais novo) Mamãe, o céu tá apagado!!
_ (O mais velho) Oh, irmão, é que Jesus foi dormir e apagou a luz!!

...

Lindos!!

sexta-feira, 4 de março de 2011

Mais sorrisos

Férias

Vou fazer uma pausa aqui. Uma respirada. Uma paradinha estratégica para colocar os pensamentos em ordem. Seguimos tão freneticamente, e às vezes tão compulsoriamente, que esquecemos de perceber, saborear e interiorizar nossas vivências. Nossa, fevereiro acabou. Chegou março. Enfim. Com um carnaval atrasadinho, meio fora de hora. Para tantos, tempo de colocar os bichos pra fora. Para outros, tempo de meditação, interiorização. Bem, cada qual com sua vontade, com sua necessidade.
Hoje estou me dando férias.
O carnaval vai ser de reflexão.
Um tantinho de diversão também não faz mal...
Como tão sabiamente a vida tem me mostrado, vou dar a vez a mais uma pausa.
...
Pausa.



quinta-feira, 3 de março de 2011

Desistir jamais.

Lutar sempre. Quem sabe um dia encontrar. Desistir jamais.
A desistência é impune. Não leva desaforo pra casa. Se desistiu, vai precisar de um fôlego novo para tentar de novo. Não, não desista enquanto é tempo. Há sempre uma chance de dar certo. Há sempre algo que ainda não foi tentado. Mude de lado. Enxergue uma nova perspectiva. Relativize. E de repente o que você não percebia, passa a ter luz própria. Nosso caminho é feito por nós mesmos. Nossas escolhas também. E é feliz quem pode ter seu coração como guia.  Iluminando. Clareando. Bombeando soluções, apesar das decepções que a vida impõe. Não, não desista. Porque teu sonho é digno de luta. De toda a coragem e humildade que você possa lhe prover. E isso não é fácil. Eu sei. Mas nos desafios, exatamente nos desafios, quando tudo parece embaralhado, estão as mãos de Deus tecendo um perfeito bordado. Proporcionando aprendizado. E exigindo de você compromisso: faça de hoje o momento mais adequado, favorável  e feliz para a solução dos seus problemas.
Somos guerreiros do mundo.
Podemos perder batalhas, mas a guerra da vida não.

quarta-feira, 2 de março de 2011

Esse incrível mundo da fantasia.

E de repente virei vovó. É! Quando meu pequeno pediu silêncio porque o filho dele estava dormindo, fiquei surpresa. Que linda essa farta imaginação infantil que possibilita sonhos reais. Saltos no infinito. Pássaros do acaso pousando sobre os ombros. Tudo é possível. Tudo é viável. Sem preconceitos, nem ressalvas. Fantasia que eles vestem mesmo quando não é carnaval. Fantasia que amadurece. Vejam só.  Importante fantasia que torna acesa a chama do entendimento da liberdade. Da inquietação interior. É assim que eles percebem a realidade. E mais. Desenham novos contornos. Exercitam sua capacidade criadora. E caminham para se tornar cidadãos melhores. A grande descoberta vem quando esse incrível mundo da fantasia possibilita mudanças profundas. Neles e... em nós. Que lição fantástica essa. Aprendi com eles não me esquecer da fantasia.
Agora vou sair.
E minha fantasia vai comigo, a tiracolo.

terça-feira, 1 de março de 2011

Coisas de Rei

Arthur, 5 anos, meu filho mais velho, me disse que a professora ensinou
que quando for desenhar a barriga em um boneco, ele deve dizer 'tronco'.
_ Ué mamãe, quer dizer que eu não sou criança, sou árvore?!

Meu Rei!!!

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Sobre o silêncio.

Para mim não há maior espanto que o silêncio. Como pode ser grandioso. Como pode ser arrebatador. Assustador. Como pode ser doce e infinito enquanto dura. Como pode ser cruel. Como pode ser revigorante. Como pode ser êxtase. Um grito abafado. Mistério. Surpresa. Mas sempre espanto!
...
Silêncio.
...
No meu silêncio encontram-se vivências, plenitudes, saudades, comunhão, furacão, música, revelação, sossego, tormenta, confissão, sabedoria. E agora quero dizer. Em suas muitas faces prefiro o silêncio sábio. Aquele que cala quando o outro já sabe a resposta (repetir seria redundância). Aquele que perdura para eternizar o momento. Aquele que professa promessas. O silêncio que se torna santuário da prudência. Silêncio sábio esse.
...
Silêncio.
...

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Hoje eu vou.

Hoje eu vou. Vou acordar cedinho e espreguiçar. Espreguiçar. Espreguiçar. E ganhar um abraço comprido. Vou ver meus pequenos dormindo e imaginar seus sonhos coloridos, com piscina de gelatina e chuva de sorvete. Vou degustar meu café da manhã sem olhar no relógio. Vou sair de casa e olhar o céu. Vou me contagiar pelo verde das árvores e vou levar o canto dos passarinhos como meu "bg" do dia. Vou encontrar pessoas pelas ruas e vou sorrir. Sim, vou espalhar sorrisos. Tantos. Muitos. Vários. Até que uma onda bem grande deles se forme. E invada outros mares. Outros corações. Hoje eu vou ligar pra uma amiga que não falo tem muito tempo. Vamos relembrar. Nos relembrar. Vamos sentir o gosto da velhavidanova feita de sonhos bem passados. Hoje eu vou ajudar um necessitado. E digo, ajudar de verdade. Hoje eu vou ler um pouco daquele livro esquecido na minha gaveta. Hoje vou arrumar minhas gavetas. Jogar fora o que não preciso, eternizar o que eu amo. Hoje vou me deliciar com o que meu amigo tem pra me contar. Vou atender o celular sem pressa para desligar.  Hoje eu não quero reclamações. Nem cobranças. Hoje quero um dia florido. Iluminado. Por mais que a chuva insista em cair. Hoje eu vou ver a chuva e agradecer por ela. Hoje vou fazer respiração abdominal. Vou meditar. Hoje eu vou aplaudir o que é bonito. Hoje eu vou dizer não. Sem culpa. Hoje eu vou maquiada de mim mesma. Sem esconder expressões e sim oferecer impressões. Hoje eu vou celebrar a vida. Com você.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Inimaginável

Quando pensei em me tornar mãe jamais poderia saber o que estava por vir. Imaginava sim. Imaginava um estado de graça, descrito por tantos, uma alegria constante, uma vida renovada. Imaginava dias coloridos e muitos sorrisos. Mas tudo isso foi pouco. Pouco diante da experiência mais incrível de minha vida. Ser mãe é para mim a melhor escola que eu já tive. Tenho os melhores professores da minha vida dentro da minha casa. São dois. E são únicos. E são fantásticos. E são incansáveis na tarefa de me melhorar. E são mestres da alegria. E são doutores do amor. É diante deles que me curvo todos os dias para agradecer o dia que amanhece, o alimento na mesa, a saúde física e mental, o desejo de melhorar, a luta diária, os acertos e os erros também. Foram eles que me ensinaram a ser criança de novo. Aquela criança que estava esquecida e que tinha perdido a espontaneidade há tanto tempo. Graças a eles, hoje cumprimento árvores, observo o fantástico mundo das formigas, visto fantasias inusitadas, tenho minhas mãos encharcadas de tinta, em vez de apenas usá-las na paleta de cores do computador. Graças a eles voltei a olhar o céu para identificar figuras nas nuvens. Que delícia. Graças aos meus doutores tenho asas nos pés. Visito Marte uma vez ao dia. Jogo futebol com bola de meia. Faço mergulho com garrafa pet. Pizza com disco vinil. Canto alto, bem alto, no carro e no chuveiro, fazendo coro com meus maestros. E não precisamos de nenhum instrumento musical para que nossa orquestra seja perfeita. Sou garçonete. Caminhoneira. Sou frentista. Bancária. Jornalista. E fazemos reportagens especiais, campanhas publicitárias. Nossos mares têm tesouros. Eles são piratas, peixes, tubarões. Sou sereia. Sou princesa. Na verdade, a rainha da casa. Sou MÃE. E nunca um título me fez tão feliz. Sou professora. Sou uma aluna dedicada. Ávida por mais. Por tudo mais que eles puderem me oferecer. E ensinar. Com a maestria de poucos. Para a alegria de muitos. Sou ávida por tudo de bom que minha imaginação ainda não conseguiu imaginar. Por tudo o que o poderoso e milagroso processo da fecundação não lhes impeça de ser.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Sobre a amizade.

Tenho amigos. Que alegria. Tenho tesouros. Que certeza.
Quando o tema é amizade todo o mundo quer falar um pouco. Coisa mais gostosa poder dividir seu momento com um amigo querido. Coisa mais gostosa poder contar com uma pessoa mesmo quando você acha que não pode. Amigo verdadeiro é assim: pode ter uma década que vocês não se vêem, mas basta um encontro e tudo, tudo volta a ser exatamente como antes. Como se aquele intervalo não existisse. Como se aquele hiato fosse um sopro falho de calor. Sem importância. Pois dali pra frente a cumplicidade continua, as afinidades afloram e a delícia e a dor de compartilharem bons e maus momentos, os unem cada vez mais.
Tem amigo que passa a mão na nossa cabeça apoiando praticamente todos nossos atos. E ainda briga com o mundo pra te defender.
Tem amigo que dá bronca. Não engole sapo e discorda mesmo. Afinal, é seu amigo e tem todo o direito de meter a colher no pote.
Tem amigo que orienta. Te ama tanto que não quer que você faça bobagem ou se envolva com gente indevida.
Tem amigo que fica quietinho, na dele, só te observando e aí quando você precisa, antes mesmo que você solicite, ele já te surpreende com sua presença.
Tem amigo que vira marido. Tá ali sempre e um dia você vê ele diferente.
Tem amigo que é ex-marido. A relação muda tanto que é melhor virar amigo.
Tem amigo que é do reino animal, sem trocadilhos.
Tem amigo que te liga todo dia, quer saber tudo e tudo de novo, como se vocês não se vissem há 10 anos.
Tem amigo que é só pra bagunça. Bagaceira mesmo. Aquele que dispensa julgamentos e tá do seu lado pra farra que vier.
Tem amigo que não te liga todo dia. Aliás, não te liga nunca. E você até se chateia. Acha que é descaso. Mas não é não. Ele só não liga pra essas formalidades. Mas tá ali. É só precisar.
Tem amigo à 1ª vista. É tem sim. Aquele que desde o primeiro momento você já sabe que será para sempre.
E tem amigo que é só amor. Um pouco de todos esses juntos. Uma miscelânea contraditória e apaixonada. Um sentimento vitalício.


quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Então tá.

Então tá combinado. Ser o melhor, o mais correto, o mais sábio, o mais politicamente correto, o mais perfeito (que redundância!). Aonde vamos parar assim? Com tantas cobranças, dos outros e, muitas vezes, mais nossas que dos outros, ficamos fadados à frustração. Não, não precisamos ser os melhores. Precisamos ser mais felizes. Felicidade que enche nosso espírito de satisfação, que nos engrandece. Mas felicidade que também está próxima da tristeza. Quantos momentos tristes precisamos passar para nos dar conta que minutos antes éramos as pessoas mais felizes do mundo. É, tem hora que só o fundo do poço nos faz enxergar o céu. Na verdade, o abismo explica o pássaro. E tudo passa a fazer sentido. Tudo tem que ter seu lugar certo. E o tamanho certo também. Inclusive a cobrança. É tão fácil cobrar dos outros. É tão fácil esperar do próximo, aquilo que nós mesmos podemos construir. Tem também a autocobrança. E nisso me incluo. Sem dó, nem piedade. Sem dúvida, sou minha principal algoz. Que exercício mudar isso. Tarefa para poucos. A verdadeira terapia da aceitação. Aceite-se como você é. Seu limite. Seu desejo. Sua beleza. Seu lado obscuro. Aquele que você esconde tanto que provavelmente ninguém saiba. Mas você sabe. Aceite. Aceite-se. E você estará mais ao seu alcance. Ao seu próprio alcance. A melhor pessoa, o melhor profissional, o melhor pai (e a melhor mãe), o melhor amigo, o melhor filho, tudo isso pode ser um título pesado demais pra quem quer apenas ser feliz. E fazer o outro feliz. Ao longo da vida aprendi que a felicidade está em ser a felicidade de alguém. Essa cobrança, querendo pode chamar de competição, só faz o pulso acelerar, a frustração aumentar e nossos sentidos perderem de vez o sentido.
Então tá combinado. Menos cobrança para você. E para mim. E para o mundo. Mais dias normais, mais dúvidas, mais "não sei", mais unhas por fazer meninas, mais retiros, mais tempos perdidos fazendo nada (ou talvez tudo), mais olheiras provocadas por um belo filme visto de madrugada, mais imprevistos (que também podem ser deliciosos), mais um pouco de tudo aquilo que a cobrança "te" impede de existir.
Não é a cobrança que te faz "o cara" (ou "a cara").
É a felicidade que te faz diferente.
É a felicidade que te veste melhor.
É a felicidade que te traz as melhores palavras.
É a felicidade que coloca um holofote gigante em cima de você.

Então tá combinado.
Pra começar, um dia sem cobrança.
Então tá.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Resiliência

Lembro-me bem da primeira vez que fui apresentada a esse termo. Havia uma hora que falava sem parar frente a uma psicóloga. Na verdade era a primeira vez que estava ali, naquele consultório que não me era familiar, mas cujas circunstâncias me levaram lá. E então, depois de vomitar tudo que me engasgava, eu ouço apenas: resiliência! Num tom seco e curto. R-E-S-I-L-I-Ê-N-C-I-A. Rapidamente parei para pensar se tudo aquilo que eu acabara de falar sofridamente se resumia a um único termo. Mas antes mesmo que pudesse exteriorizar minha interrogação me veio uma ordem: - Essa é sua tarefa de casa. Pesquise, entenda, compreenda a resiliência. E lá fui eu então me ocupar de minha nova tarefa.
"A psicologia tomou essa imagem emprestada da física, definindo resiliência como a capacidade do indivíduo lidar com problemas, superar obstáculos ou resistir à pressão de situações adversas - choque, estresse, etc. No campo das relações humanas, é compreendido como um processo que excede a simples superação de experiências, já que permite ao indivíduo sair fortalecido por elas, superar, o que necessariamente promoveria a saúde mental."
Então era isso. Quanto mais compreendia o significado daquele termo, mais ele se amplificava e ecoava dentro de mim. Não basta superar os obstáculos, é preciso ser mais forte do que antes. Antes daquela tempestade, avalanche, enchente, tormenta. Pode chamar como quiser o seu problema. Porque, afinal de contas, ele é seu, e só você sabe o peso que ele te traz. Entendi também que, quanto maior o problema, mais fortalecido se pode sair do embaraço. Mas não é uma simples tarefa. A resiliência tem e deve ser conquistada por nós. Passei então a me enamorar do termo. Ficamos namorando um bom tempo. Sabe início de namoro, quando você quer saber o máximo do outro? Foi assim. Descobri que uma pessoa resiliente não se abate facilmente, usa toda a sua energia para lutar e, o melhor, não culpa ninguém pelos seus fracassos. Isso para mim foi o melhor. E o casamento aconteceu. Meu e da resiliência. Busco ela diariamente. Trago-a para o meu convívio sempre que preciso. Sinto que minha capacidade de envergadura aumentou. E o aprendizado obtido com os obstáculos tem sido revigorante. E quando me lembro daquele dia que ouvi pela primeira vez 'resiliência', e que já faz tanto tempo, minha alma sorri. Porque hoje sou mais plena que antes. Uma poetisa que tanto amo, há muito tempo, muito antes disso, já me dava esse precioso recado: R-E-S-I-L-I-Ê-N-C-I-A.

"Aprendi com a primavera a cortar-me e a voltar sempre inteira".

Quanta resiliência Cecília!

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

'Marcaquices'

Marco, 2 anos, meu filho mais novo, me pediu para comer pipoca.
Disse a ele: - Vem aqui que eu vou te mostrar como faz pipoca de microondas.
- Mamãe, mamãe! Gritou ele.
- Que foi, meu filho?
- A pipoca tá soltando pum!

Ai que delícia ser criança.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Pausa 2

Em meio à saída do colégio, com 2 filhos a tiracolo, mais mochilas, lancheiras, bola, bolsa... recebo uma doce ligação de uma amiga: - Você ainda está aqui no colégio? - Sim, disse eu. Havia 15 minutos que tentava inutilmente sair de lá.  - Vamos fazer um passeio com as crianças agora? Pausa. Tinha inúmeros motivos para não ir: fim de tarde, tarefa escolar do mais velho por fazer, cansaço, inúmeras pendências em casa, enfim... ficaria um bom tempo aqui citando minhas desculpas. Mas parei e pensei na proposta que eu mesma me fiz. Pausa. Convite aceito. E fomos felizes, eu mais duas amigas queridíssimas e mais nossos pequenos, grandiosos e felizes filhos. Cinco crianças e uma diversidade ímpar. O local escolhido foi especial. Aproveitando o horário de verão, aproveitamos aquele fim de sol ávidas por conversar. Nós, as mães, também queríamos pausa. Um pouco de frescor diante de um cotidiano puxado e que às vezes assola. Mas confesso, mães de pequenos como somos, pouco tempo  nos sobrou. Faltou tempo para aquela conversa mais profunda, mas sobraram sorrisos, nossos e das crianças. Essas então é possível imaginar. Soltos, como a própria natureza lhes faz, curtiram cada segundo daquele passeio inusitado e delicioso. O parque foi o grande convite para soltarem os 'bichos', que pasmem, insistiam em habitar seus seres, mesmo depois de uma tarde inteira de aula. Haja energia. Deles e ... nossa. No final de tudo, após um delicioso lanche, uns chopes (ninguém é de ferro) e muita bagunça, o saldo disso tudo foi o melhor: poder compartilhar instantes tão singelos, tão enriquecedores e provar do êxtase de saber que podemos fazer diferente. Mesmo que seja fazer diferente um final de terça-feira, que vinha bem sem graça, e, de repente ficou tão colorida.  Às minhas amigas, obrigada. Aos nossos filhos: muito obrigada! Penso que sem eles isso não teria sido possível.
E que mais pausas venham...

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Pausa

Às vezes nos deparamos com algo que nos paralisa. Um acontecimento, um gesto, uma palavra. A vida é assim, feita de sustos. Um susto é uma pausa. É uma respiração curta. E sustos podem ser bons ou ruins, mas o importante é que nos fazem parar para pensar. Porque me assustei?
Mas hoje o susto foi bom. Foi feito de coisas bonitas que os outros escrevem e que para sempre passam a fazer parte de nós. Sabe aquele texto que te toca profundamente? Sabe aquelas palavras que te fazem cócegas na alma? Dizendo assim: ei, desperta, presta atenção no que você acabou de ler. Com certeza não foi escrito para você, mas com certeza vai te acompanhar por uns dias, cutucando o seu inconsciente, inquietando o seu pensamento. Para quem está sempre alerta, esses sustos bons são sempre bem-vindos.  E sempre percebidos. Fiquei bastante emocionada com um texto que falava de 'pausas'. E para quem tem uma vida onde a pausa é escassa, parei para pensar nela.
Pausa.
Como às vezes ela me escapa.
Susto.
E a reflexão me mostrou: a beleza da vida está nas pausas...

Então, pausa para você também.

Pausa.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Retalhos

Fragmentos. Pedaços. Momentos. Instantes. Talhos.
Uma colcha que vai sendo confeccionada aos poucos, tecida com preciosas impressões, costurada com valiosas e precisas linhas. Linhas do tempo. Tempo que soa, ecoa, e me prova que nada é à toa. Uma riqueza de detalhes que juntos vão desenhando uma história. História de muitas gentes, relatos apaixonados, falas engasgadas, verdades vomitadas. Luxo e lixo. Escandalosas verdades. Instigantes reportagens.
Sim, retalhos.
E assim eu sigo, coração nos olhos...

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Ensaio.

Há muitos anos tenho o hábito de colocar no papel meus pensamentos. Passados os anos, o papel perdeu seu sentido e tais pensamentos foram parar na telinha do computador. Mas tudo começa igual: uma folha branca, uma tela vazia. E aí começam a pipocar sentimentos e verdades que insistem em se eternizar. Ganham forma, ganham força. E muitas vezes ganham um sentido maior do que realmente tem. Mas é daí que provém a mágica dessa arte. Escrever é viver o sentido íntimo da palavra. É empalar no acúleo máximo dos meus sentidos. É delinear emoções. É colorir o cotidiano. É reinventar o óbvio. É maquiar o feio. É criar o improvável, copiar o provável. É também mostrar a realidade. Nua e tua. É reviver cada momento esquecido, ora vivido e daqui pra diante sacramentado. Na verdade, é um ensaio. Ensaio de devaneios, verdades, bobagens.
Apenas ensaio...E ponto.