ENSAIO
Há muitos anos tenho o hábito de colocar no papel
meus pensamentos. Passados os anos, o papel perdeu seu sentido e tais
pensamentos foram parar na telinha do computador. Mas tudo começa igual: uma
folha branca, uma tela vazia. E aí começam a pipocar sentimentos e verdades que
insistem em se eternizar. Ganham forma, ganham força. E muitas vezes ganham um
sentido maior do que realmente tem. Mas é daí que provém a mágica dessa arte.
Escrever é viver o sentido íntimo da palavra. É empalar no acúleo máximo dos meus
sentidos. É delinear emoções. É colorir o cotidiano. É reinventar o óbvio. É
maquiar o feio. É criar o improvável, copiar o provável. É também mostrar a
realidade. Nua e tua. É reviver cada momento esquecido, ora vivido e daqui pra
diante sacramentado. Na verdade, é um ensaio. Ensaio de devaneios, verdades,
bobagens.
Apenas ensaio...e ponto.
RETALHOS
Fragmentos. Pedaços. Momentos. Instantes. Talhos.
Uma colcha que vai sendo confeccionada aos
poucos, tecida com preciosas impressões, costurada com valiosas e precisas
linhas. Linhas do tempo. Tempo que soa, ecoa, e me prova que nada é à toa. Uma
riqueza de detalhes que juntos vão desenhando uma história. História de muitas
gentes, relatos apaixonados, falas engasgadas, verdades vomitadas. Luxo e lixo.
Escandalosas verdades. Instigantes reportagens.
Sim, retalhos.
E assim eu sigo, três pontinhos...