quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Retalhos atuais

Ontem achei um caderno precioso. Pedaços de mim em tinta e papel. Fragmentos de outrora. Retalhos indispensáveis à colcha que hoje ainda costuro. Impressionante perceber como minha caminhada sempre foi permeada por um amor incomensurável. Uma vontade, quase que insuportável, de ser feliz. Um desejo ardente de gritar ao mundo o que não cabia dentro de mim. As palavras escritas sempre foram meu desabafo. Era como se um vulcão entrasse em erupção e, como que por encanto, lá estava eu, de novo, em tinta e papel. Ainda hoje é assim. Me eternizo através da escrita. Carimbo minha existência em retalhos de emoção. E continuo minha caminhada. E agora digo: preciso me mostrar inteira e plena, pois o meu coração é TODO paixão, amor, poema.

Do baú

E de repente me vejo assim: nua. Sem lenço, nem documento. Coração viajando sem rumo. E continua-se a caminhada. Um sorriso aqui, uma quase felicidade ali. Tudo que se mescla e por momentos me faz quase feliz.  E se projeta uma fuga: a vida é linda e eu vivo muito. Em cada segundo faço mil coisas e penso preencher meu tempo. Mas, certas vezes, como nesse momento, me vem aquela cobrança. Mas aonde colocar tanta lembrança? Onde esconder tanta saudade?  E como me mostrar inteira e plena, se no meu coração jaz tanta paixão, amor, poema...

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Sem rima

Por vezes as palavras me engasgam. Temem por sair e virar um tsunami. Melhor calar. Melhor sabê-las silenciosamente do que pesar. Melhor absorvê-las do que gritar. Esse deve ser um sábio momento. Aquele em que teu silêncio vale mais do que teu verso.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Reflexos de si mesmo

Querendo ou não, todos nós somos terreno desconhecido. Quem nunca se surpreendeu com seus próprios atos? Surpreender-se com os atos alheios é fácil. O difícil é o encontro com nosso espelho. Aquele que te devolve a imagem de quem realmente és. Aquele que não mente. Aquele que te aponta com dedos dóceis ou árduos suas qualidades e imperfeições. Feliz de quem faz uso consciente do seu espelho. Feliz de quem aceita a imagem que ele reflete. Porque o encontro com si mesmo, tantas vezes tão dolorido, é primeiro passo da superação. É preciso coragem para pousar os olhos sobre ele com a iniciativa da mudança. É preciso perseverança para encará-lo sem os véus da mácula. Alcançamos novos rumos quando aceitamos toda a vastidão do nosso ser. 
Sabedoria é saber encarar-se!

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Intensidade

Muitas vezes fui chamada de exagerada. Mas consegui compreender que o exagero para mim era sinônimo de intensidade. Ser intensa afronta. Perturba. Ser intensa, às vezes, fere. Mas, ser intensa eleva minha sensibilidade. Dilata meus poros. Aguça meu paladar. A intensidade nos faz experimentar o dia-a-dia com lentes de aumento, novas tintas, sabores que ultrapassam as medianas aspirações. A intensidade alcança o profundo. E o voo explica o abismo. Por isso doses diárias de intensidade promovem mágicas exclamações. Tá servido?

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Olhar

Um olhar diz tanto.
Confessa palavras. Desnuda segredos.
Provoca. Fotografa. Lê.
Um olhar, apenas um olhar e toda aquela ânsia de chegar...

Cantiga de amor

Um dia de apresentação. Olhos atentos, surpresas vindouras. Magia no ar. E tem início aquele que foi um espetáculo de arte, de beleza, de textos indizíveis. Um espetáculo que representou com tantos sentimentos, os olhos e os corações de seis amigos. Vinte e um anos se passaram. Os amigos seguiram seus rumos. Suas estradas que, agora, novamente se cruzam. Incrível vida que sempre nos dá uma segunda chance. E um novo encontro acontece validando a máxima de que a afinidade não conhece limites, nem barreiras, nem o tempo. Ela é um laço que se fortifica também mediante os obstáculos. Ela floresce a cada respingo de saudade. E transborda a cada movimento de união. Seis amigos que estiveram sempre unidos. Sempre. Por laços invisíveis, por sonhos comuns. Agora é hora de fazer esse espetáculo de novo. É hora da chuva florescer a terra que ficou tão árida de ausências. E encantar platéias novamente com tanta poesia.
"Do que partiu é saudade. O que ficou é lamento. Tudo sob sol forte, que nem alivia o vento. Espero que volte João. E fico com toda a dor. Dor que é mais forte no peito. Maior inté que o calor. Já que não vejo e sinto. Feito cantiga de amor."*

*Texto extraído da peça "O Sertanejo", de autoria de Helder Martins, 1990.