No dicionário tá escrito: "aquilo que se faz todos os dias." "Que acontece habitualmente." Será mesmo o COTIDIANO sinônimo da monotonia? É soberano. Tantas vezes tirano. E mesmo carregado com um ar troiano, há quem diga da sua beleza. Há quem o veja com olhos de iniciante. Iniciantes que preferem a repetição até absorverem o todo. Rotina sem surpresas. Dia que amanhece. Noite que anoitece. E no intervalo uma sequência programada que traz a serenidade.
Mas venho aqui dizer que mesmo no ensaiado há improviso.
Que o dia cartesiano pode ser colorido com novos tons.
E é nesse milagre que habita a poesia.
É o branco da caixa de lápis de cor o mais apto a receber novas tintas.
Prefiro mesmo fugir dos rótulos.
Que o cotidiano possa sim ser aquilo que se faz todos os dias, MAS, sempre salpicado com versos livres, aqueles sem restrição métrica.
Só assim, o piscar de olhos entre o antes e o depois pode encontrar mágicos acontecimentos.