quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

De frente pro espelho.


Quanto de tudo o que criticamos há em nós?
Se pudéssemos roubar da lucidez a maestria de perceber que aquilo que censuramos, corrigimos, desaprovamos, depreciamos é, muitas vezes, nossa imagem refletida em um espelho aterrorizante.
Sim, muitas vezes, nós fazemos o que censuramos, corrigimos, desaprovamos, depreciamos. Veladamente.
E isso nos torna algozes de nós mesmos.
Como seria mais fácil aprender, antes de maldizer.
Olhar o nosso próprio umbigo, antes de desaprovar a postura alheia.
Tentar se redimir antes de condenar.
E se fazer melhor antes de crucificar o pobre ser que está do outro lado servindo apenas de reflexo. 
Como um retrato em preto e branco que tanto teimamos em colorir pra simular nossa santa imagem.
É chegado o tempo de se encarar.
E que o reflexo do outro em nós seja mais que uma fotografia.
Seja reflexão. Retratação.