quarta-feira, 25 de abril de 2012

Outono



E quando a retórica começa a ficar gasta, procuro no fundo do ser palavras que possam alcançar a amplitude do outro ser. Que sejam capazes de promover espanto. Que façam sinos tocarem. Corações verdejarem. Sensações aflorarem. Horizontes se modificarem. Porque palavras podem mudar um mundo. Uma vida. Um sonho. Uma despedida. Mesmo aquelas palavras cansadas que, como as folhas de outono, deitam-se no chão para enfeitar a paisagem.

terça-feira, 24 de abril de 2012

Todo dia ao deitar

Todo dia ao deitar refaço o caminho que o dia cursou. Seja ele bom ou ruim. Feliz ou penoso. Só assim, sentindo de novo, posso realmente absorvê-lo de fato. E coisas que me escaparam parecem ganhar luz própria. E tantas palavras ganham novos significados quando no silêncio da alma percebo o que realmente elas queriam dizer. Foi refazendo trajetórias que, tantas vezes, percebi enganos cometidos no meu dia. Palavras que queria ter dito e não saíram. Ações que podiam se tornar reais e ficaram apenas na intenção. Refazer trajetórias me permite ter um novo-próximo-dia cheio de possibilidades conscientes. Por mais que a noite escura ofereça labirintos tortuosos, por mais que sonhos virem pesadelos... quando o dia amanhece é possível imprimir no mapa da vida, com tinta perene, aprendizados significativos. Refazer trajetórias me permite ser dominada pela verdade das minhas palavras.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Tempo consciente

Tempo, pra que te quero ? Quero tempo pra respirar. E poder estar consciente desse movimento. Quero movimento no meu tempo. Pra que ele não pare no tempo. Tempo pra absorver o que não entendo. E entender que só o tempo vai me dar esse tempo. Porque tempo é um espaço. E espaços precisam ser preenchidos para que não virem vãos na alma. Quero tempo para aquecer esses hiatos. Tempo para viver e não apenas existir. Quero abandonar a margem. Quero uma travessia com tempo. Tempo para desvendar labirintos. TEMPO. Com marcha. Com horizonte. Com intensidade.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Latência

Estado de latência. Sementes absorvendo a chuva abundante, que provocou correntezas em rios tão profundos. Raízes se aprofundando lentamente. Buscando alimento para a alma pálida. Continuação da jornada em modo avante. Os acontecimentos à frente. Feito outdoor esfregando a mensagem no nosso nariz. E fazendo escorrer pela garganta o gosto de coisas mal passadas. Na vida é preciso inventar sempre. Re-inventar sementes. Plantar esperanças. E aguardar a brotação. Que seja renovadora. Tingida fortemente. E que traga de volta minha caixa de lápis de cor...